Cartada decisiva
Proposta de topo na gama europeia da Hyundai, o Santa Fé estreou, recentemente, nova geração no nosso País, a qual se assume como uma espécie de cartada decisiva na afirmação de um modelo que continuar a lutar mais com o preconceito, do que, propriamente, com a falta de argumentos…
Numa altura em que a moda SUV continua a conquistar a adeptos, mas em que também já são raros os construtores automóveis a ficarem de fora desta disputa, a Hyundai mantém a sua aposta neste domínio, principalmente, através do Tucson. Modelo ao qual só depois “acrescenta” o Santa Fé, cada vez mais, como uma espécie de modelo de imagem.
Observado sob esta perspectiva, torna-se, aliás, fácil apercebermo-nos do esforço feito pela Hyundai, nesta nova geração do Santa Fé, para continuar a elevar o posicionamento do modelo. A começar, na estética exterior – hoje em dia mais exuberante, repleta de vincos e planos marcantes, num criar de expectativas e estatuto que só os modelos com mais ambições exibem.
E a verdade é que, pelo menos em nossa opinião, não se pode dizer que o esforço dos designers tenha falhado redondamente. Com o Santa Fé a evidenciar não somente a generosidade das dimensões, como também a modernidade anunciada pelo vanguardismo tecnológico e a ambição estatutária que os muitos cromados transmitem.
Goste-se das linhas e o resto confirmar-se-á…
INTERIOR
Mas se o exterior, repleto de superfícies metalizadas escovadas, tem no já referido vanguardismo tecnológico, transmitido tanto pela iluminação dianteira, como pelo design das jantes de 19″, um excelente prenúncio daquilo que podemos esperar do habitáculo, a verdade é que, pelo menos no nosso caso, tal não evitou que nos surpreendêssemos com alguns pormenores e escolhas que é possível encontrar no interior do Santa Fé – desde a qualidade de grande parte dos materiais e revestimentos, à montra tecnológica que pretende ser o intuitivo painel de instrumentos, ou até mesmo à enorme consola central repleta de botões e comandos, com ecrã táctil de boas dimensões no topo, são várias as soluções a prender o olhar.
Menos convincente, só mesmo o plástico escolhido para essa mesma consola central, a imitar (?) metal, e que, claramente, acaba destoando num ambiente de couro bege e outros bons revestimentos em preto…
Num habitáculo também de elevado conforto e habitabilidade, tanto nos lugares da frente como na segunda fila, a possibilidade de dispor, ainda, de mais dois bancos, de início integrados no piso da enorme bagageira, mas que o puxar de uma fita presa às costas, coloca no devido lugar. Ainda que, uma vez montados, mais vocacionados para crianças – resultado não somente do acesso mais difícil que nem mesmo o avanço/rebatimento, por botão, dos lugares da 2.ª fila, consegue obviar na totalidade, mas, principalmente, da obrigatoriedade de viajar com os joelhos demasiado elevados. Posição que, após algum tempo, se torna cansativa.
MECÂNICA
Disponível, desde sempre, com a já tradicional motorização Diesel, o novo Santa Fé estreia, nesta nova geração, a sua primeira motorização Mild-Hybrid, ou HEV. Neste caso, sinónimo de um quatro cilindros em linha, 1,6 litros T-GDI a gasolina, a que se junta o apoio de um motor elétrico de 44,2 kWh (60 cv), que vai buscar a energia a uma bateria de polímero de iões de lítio, com uma capacidade de 1.49 kWh.
Em conjunto, os dois motores anunciam uma potência combinada de 230 cv e um binário máximo de 350 Nm, predicados enviados por uma transmissão automática de seis velocidades e (fraco) accionamento por botão, apenas para as rodas da frente.
Em termos de prestações, a promessa de uma capacidade de aceleração dos 0 aos 100 km/h em 8,9 segundos, assim como de uma velocidade máxima de 187 km/h. Tudo isto, com consumos anunciados de 6,4 l/100 km, mas que, numa utilização real, andaram mais perto dos 8,4 l/100 km/h; mesmo com o Santa Fé a arrancar sempre em modo elétrico e tendo sido utilizado, durante a maior parte do tempo, no modo Eco de um sistema de modos de condução que também possui as opções Sport e Smart…
TECNOLOGIA
Espécie de montra tecnológica para a marca de Seul, não faltam tecnologias ao novo Santa Fé. A começar, desde logo, por algumas soluções, hoje em dia, já mais vulgares, como é o caso do alerta de ângulo morto, da regulação elétrica nos bancos dianteiros, do ecrã digital de 10.25″ com navegação, do carregador sem fio para smartphone, do sistema de som Krell com 10 colunas e amplificador, e da iluminação exterior em LED.
Bem menos habitual, é, no entanto, o sistema remoto de estacionamento automático (RSPA), da assistência de prevenção de colisões durante o estacionamento à retaguarda, do head-up display ou do já referido painel de instrumentos 100% digital de 12.3″. Onde, basta accionar um pisca, indicando a vontade de mudar de direcção, para que o mostrador desse mesmo lado dê lugar à exibição da imagem que a câmara lateral está a captar, evitando, dessa forma, toques involuntários em obstáculos não percebidos.
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AO VOLANTE
Proposta familiar com 4,78 metros de comprimento e quase dois metros de largura, a verdade é que o Hyundai Santa Fé acaba disfarçando muito bem esta generosidade nas dimensões. Aproveitando, igualmente, não somente um centro de gravidade relativamente baixo, como também um peso que não ultrapassa os 1,855 kg, para oferecer uma salutar e bem-vinda agilidade.
Assim e aproveitando, igualmente, a competência de um motor perfeitamente adaptado ao conjunto, torna-se fácil e até agradável circular com o maior dos SUV da Hyundai pelos mais variados percursos, com o Santa Fé a mostrar-se, invariavelmente, uma proposta equilibrada, não apenas na condução, como também nos atributos e ambições familiares. Exigências em que o conforto e a descontração, também ao volante, são mais-valias sempre valorizadas.
Críticas, porém, para a demora, por vezes, na engrenagem da caixa, quiçá, resultado da opção por botões, também eles rendidos ao princípio “tranquilamente, se chega longe”…
VEREDICTO
Verdadeira proposta familiar, onde que não falta espaço, conforto e até um certo estatuto, torna-se fácil apegarmo-nos a este novo Hyundai Santa Fé, senhor de imagem marcante e rica, à qual acresce, ainda, o argumento sempre bem recebido dos 7 anos de garantia geral e sem limite de quilómetros . Postura que, infelizmente, só não atenua os prejuízos dos consumos altos, ou até mesmo do facto de pagar, sempre, Classe 2… mesmo com Via Verde.
Gostámos
![]() Equipamento Sem dúvida, um dos aspectos que ajudam ao estatuto almejado por este Santa Fé, verdadeira montra tecnológica de soluções também pouco conhecidas. Veja-se o caso da exibição das imagens das laterais no painel de instrumentos… |
![]() Habitabilidade Oferecendo um mundo autêntico mundo de, tanto à frente, como na segunda fila, o Santa Fé é proposta para, como também também a sabedoria popular, “acomodar este mundo e o outro” no seu interior… |
![]() Conforto “Vestido” de pele e com bancos que primam pelo conforto, o novo Santa Fe junta, ainda, a isto, uma suspensão feita a pensar nas viagens longas em família. Ou, porque não, numa reunião de última hora, desfrutando de um ambiente que quase pode assemelhar-se a um lounge. |
Não Gostámos
![]() Consumos Infelizmente e mesmo com a mais-valia do apoio elétrico, os consumos continuam a ser um “problema” no novo Santa Fe, não permitindo, por isso, esquecer, que também há uma opção Diesel… |
![]() Classe 2 As mesmas dimensões, generosas, que lhe garantem uma excelente habitabilidade e capacidade de carga, são aquelas que, no momento de passar na portagem, acabam penalizando-o com a Classe 2. Castigo que nem mesmo a adopção da Via Verde consegue ultrapassar. |
![]() Botões da caixa de velocidades Embora, à partida, uma solução prática, a opção por botões, ao invés da tradicional manche da caixa de velocidades, acaba não resultando muito reactiva, no Santa Fé, sendo necessário, por vezes, insistir, para que “a mudança entre”… |
Hyundai Santa Fé 1.6 HEV Vanguard + Luxury Pack
Preço 60.725€ (55.725€ com campanha)
Motor Gasolina, 4 cil. em linha, 1598 cc + motor elétrico 60 cv (44,2 kWh)
Potência combinada 230 cv (169 kW) às 5500 rpm
Binário combinado 350 Nm às 1500 – 4500 rpm
Transmissão Dianteira, com caixa automática de 6 velocidades
Peso 1.855 kg
Comp./Larg./Alt. 4,78/1,90/1,68 m
Dist. entre eixos 2,76 m
Mala 571 – 782 – 1649 litros
Desempenho 8,9s 0-100 km/h; 187 km/h velocidade máxima
Consumo combinado WLTP 6,4 (8,4) l/100 km
Emissões CO2 WLTP 144 g/km
Equipamento
Série: Bancos dianteiros com regulação elétrica, Jantes em liga leve 19”, Grupos óticos dianteiros e traseiros em LED, Ecrã digital de 10.25” com navegação, Bluelink, Painel de instrumentos digital de 12.3”, Carregador sem fios para smartphone, Sistema de som Krell (10 colunas e amplificador), Head-up display, Teto panorâmico de abertura elétrica, Sistema remoto de estacionamento automático (RSPA), Assistência de prevenção de colisões durante o estacionamento à retaguarda (PCA), Câmara 360º (SVM), Câmara de deteção de ângulo morto (BVM), Estofos em pele e Alcantara
Fonte: Revista Turbo
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